data-filename="retriever" style="width: 100%;">Uma Semana da Pátria tensa, plena de ansiedade, marcada pelo oposto do seu significado de congraçamento e unidade nacional. Estamos em plena Semana da Pátria celebrando o aniversário da Independência. Neste ano, como no anterior, a pandemia recomendou a suspensão da maioria das celebrações, desfiles e congraçamentos referentes à data. Todavia, o Senhor Primeiro Mandatário da Nação convoca seguidores aguerridos a substituírem as festas cívicas por manifestações não bem esclarecidas nas suas finalidades, mas de apoio a ele e de agravo a outros poderes, especialmente ao Judiciário com o qual mantém relação de ataques e inconformismo com suas competências.
E, assim, os dias que antecedem a data magna da Independência têm sido atormentados por pontos de interrogação, especulações e temores de incidentes ou, ainda, de vários retrocessos institucionais.
O que sugere a autoridade presidencial chamar manifestações de seguidores, dizer coisas como "7 de setembro nunca foi tão importante" ou "creio que nós vamos mudar o destino do Brasil"? Convocatória plena de incógnitas e entremeada de ameaças ou significados sub-reptícios. Gera inquietação em instituições e cidadãos comprometidos com o processo democrático e ansiosos por estabilidade institucional e progresso. Palavras tão confusas e ameaçantes também ecoam no campo fértil das mentes fanatizadas e capazes de cometer ilegalidades ou violências. Os grupelhos sombrios e conspiratórios encontram estímulo para o desrespeito às regras da ordem legal e democrática.
Uma Semana da Pátria tensa, plena de ansiedade, marcada pelo oposto do seu significado de congraçamento e unidade nacional. Será a intenção de transformar o Sete de Setembro em batalha campal de contras e prós, nova "noite das garrafadas" que nem o episódio dos primórdios do Império, em 1831, quando lusitanos, a favor de Pedro I, e brasileiros, um tanto dele desiludidos, engalfinharam-se nas ruas do Rio de Janeiro? Ou será que as intenções guardam até alguma remota semelhança à trágica "noite dos cristais", quando, em novembro de 1938, o Partido Nazista alemão colocou em prática um ataque de paramilitares e civis destruindo sinagogas, empresas e residências, fazendo vítimas fatais e dando início ao "progrom" de eliminação dos judeus que se prolongou pelos campos de concentração e o holocausto? Desta feita seriam alvos juízes e parlamentares, adversários políticos do governo? É a tal oportunidade histórica em que fala o líder aos seus seguidores?
Já tendo acompanhado tantas crises fico a perguntar se os poderes desarmados, Legislativo e Judiciário, estão preparados para o agravamento dos fatos e capazes de sobrevivência para além deles. Por exemplo: se for preciso funcionar fora de Brasília (o Plano Piloto do Distrito Federal seria entregue aos manifestantes...) possuem meios e garantias para tal? São perguntas necessárias diante de tamanhas ameaças e da falta de clareza a respeito da convocação da massa por um chefe populista que sente seu poder enfraquecer e minguarem suas possibilidades eleitorais.